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O Simpósio - proposta do evento

 

No início do século XXI, percebemos que cada vez mais os governantes procuram construir uma marca para suas cidades; contudo o “sucesso” de uma determinada cidade acaba provocando um movimento que objetiva copiar aquilo que teria dado certo, levando à homogeneização das formas-conteúdo, pois acreditam que assim atrairiam investidores. Contradição. 

 

Grande parte dos projetos de revitalização, que alteram as características do lugar criando novas fronteiras urbanas, acaba levando a processos de gentrificação, que de certa forma não deixa de ser uma forma de espoliação. 

 

Acreditamos que a espetacularização na administração pública e a pura valorização da imagem, e não dos verdadeiros problemas sociais e econômicos, acaba sendo extremamente prejudicial em longo prazo, ainda que, muitas vezes, possam ser obtidos benefícios políticos. Entretanto, não basta fazer a crítica ao modelo, é preciso interpretá-lo para, então, transformá-lo, para mudar o estado de coisas atual. Infelizmente, a maioria das pesquisas quando muito chega apenas à interpretação.

 

Pensar a mudança significa lutar pela transformação das condições materiais e não apenas pela obtenção de concessões formais; lutar pelo direito de viver em uma cidade com mais justiça social. 
Vivemos, agora, um momento marcado pela desconcentração do setor produtivo tradicional, pelo desenvolvimento de novos ramos da economia e pela centralização do capital na metrópole. Além disso, observamos a conformação de uma cidade difusa, que se expande desmesuradamente, dando novos conteúdos às antigas áreas rurais. 
Muitas vezes, aqueles que vivem na cidade acabam por perceber e viver a partir da total naturalização de tudo, da banalização da miséria, da desigualdade. Por outro lado, há também aqueles atores sociais que, a partir da indignação, procuram formas de lutar contra o estado de coisas atual; as estratégias de suas práticas espaciais são fundamentais, posto que percebem que a produção do espaço é também instrumento de reprodução das relações sociais. 

 

O cotidiano, embora muitas vezes banalizado, já que se expressa por sua miséria e riqueza a partir de eventos triviais, caracteriza-se como a mediação entre a repetição e a criação, entre a alienação e a liberdade, como a clara explicitação da imbricação entre espaço e tempo. As inúmeras possibilidades de apropriação do cotidiano resultam da vivência, da experiência vivida, e têm grande potencial criador, possibilitando a formação e permanência de resistências. Portanto, quando através da apropriação do espaço da cidade reconstruímos a cotidianidade, é possível pensarmos na formação de movimentos que lutem pela emancipação e pela sua transformação.

Se o fenômeno urbano tomou o planeta, se vivemos uma sociedade urbana (e não nos referimos apenas ao domínio edificado, mas o conjunto das manifestações do predomínio da cidade sobre o campo), atualmente experimentamos um processo de metropolização do espaço; ou seja, trata-se da transcendência das características metropolitanas a todo o espaço. Nesse sentido, grandes mudanças podem ser observadas, tais como: crescimento e intensificação dos fluxos imateriais, de pessoas e de mercadorias; cada vez maior utilização de tecnologias de informação e comunicação; e grande variedade de atividades econômicas com maior concentração de serviços de ordem superior. 

O processo de metropolização imprime características metropolitanas ao espaço, trata-se da alteração das estruturas pré-existentes, sendo esses espaços metrópoles ou não. Há, também, a incorporação de uma dimensão cultural. A esfera do consumo ganha proporções nunca antes imaginadas, provocando uma alteração profunda da cultura mercantil, que atinge todas as esferas da vida. Os hábitos culturais e os valores urbanos típicos da metrópole se difundem para além dela, chegando às pequenas e médias cidades. 

A intensificação da capitalização do campo e a diversificação das atividades que lá se realizam, associadas ao desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação, e também dos transportes aproximaram ainda mais as relações urbano-rurais. Assim, o processo de metropolização do espaço chega a áreas cada vez mais distantes, difundindo a cultura urbana, os valores urbanos, as normas e práticas sociais dominantes da cidade. Se em determinado momento pudemos falar em urbanidades no rural, talvez agora tenhamos de aprofundar ainda mais esse debate, já que, atualmente, objetiva-se o desenvolvimento de condições metropolitanas que viabilizem ainda mais a reprodução do capital. 

Não nos resta dúvida de que as estratégias de gestão territorial são, como vimos, também atingidas por tal processo. Nessa seara, é preciso pensar em políticas públicas, questionar a política pública, pensar em outras formas de gestão e planejamento, pensar em como viabilizar formas de autogestão, e até mesmo pensarmos no desvanecimento do Estado.

O III Simpósio Internacional Metropolização do Espaço, Gestão Territorial e Relação Urbano-Rural, através da associação entre o Núcleo de Estudos e Pesquisa em Espaço e Metropolização – NEPEM – (PUC-Rio), o Grupo de Estudos Rurais e Urbanos – URAIS – (PUC-Rio) e o Grupo de Estudos e Pesquisa em Produção do Espaço, Trabalho e Gênero – LABORES – (PUC-Rio), tem por objetivo debater como o surgimento de novos valores articulados ao tecido urbano, juntamente com novos sistemas de produção e novas realidades de mercado, contribuíram para a reconfiguração das cidades, da gestão territorial e da relação urbano-rural. Para tanto, objetivamos trazer ao debate os grupos sociais envolvidos no processo, suas ações, reações e interações. Aqui, torna-se imprescindível o debate acerca da mercadificação da cidade, do city-marketing e do discurso do empresariamento na governança da cidade; elementos claramente identificáveis neste momento da metropolização do espaço. 

Objetiva também divulgar os referenciais teóricos e metodológicos utilizados para a análise e reflexão acerca das recentes transformações observadas pelos grupos de pesquisa, possibilitando o aprofundamento dos debates e pesquisas de cunho interdisciplinar. 

O simpósio busca promover o diálogo entre pesquisadores, planejadores e gestores ligados à universidade e aos órgãos públicos responsáveis pela gestão, divulgar o arcabouço teórico e as práticas afins, bem como identificar e mapear os conflitos entre os atores sociais envolvidos. Da mesma forma, a participação e aproximação de pesquisadores, estudantes de graduação e pós-graduação, professores do ensino médio e superior das redes pública e privada, representantes do poder público e da sociedade civil promoverão o aprofundamento do conhecimento teórico, prático e político sobre a relação entre metropolização do espaço, gestão territorial e a relação urbano-rural. 

Coordenação e Comissão Organizadora:

 

Prof. Dr. Alvaro Ferreira – PUC-Rio / UERJ 

 

Prof. Dr. João Rua – PUC-Rio 

 

Prof. Dra. Regina Célia de Mattos – PUC-Rio 

Colaboração: 

 

 

 

 

LABORES – Grupo de Estudos e Pesquisa em Produção do Espaço, Trabalho e Gênero (PUC-Rio) 

 

 

 

 

 

 

NEPEM – Núcleo de Estudos e Pesquisa em Espaço e Metropolização (PUC-Rio) 

 

 

 

 

 

 

PET GEO – Programa de Educação Tutorial em Geografia (PUC-Rio) 

 

 

 

 

 

 

 

URAIS – Grupo de Estudos Rurais e Urbanos (PUC-Rio) 

 

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